Muitas vezes ouvimos, ou até pensamos, que “de nada vai adiantar eu parar de comer carne, ovos e leite, se os outros vão continuar a comer” ou que “não vamos conseguir acabar com a pecuária apenas com ações individuais”. A ideia é de que, de qualquer forma, os animais seguirão morrendo, e que o esforço individual seria um “sacrifício em vão”.
É verdade que enfrentar um sistema trilionário, movido por corporações que exploram e matam trilhões de animais todos os anos, exige muito mais do que escolhas pessoais. Precisamos de atuação política, educação e mobilização social. No entanto, toda transformação coletiva só é possível quando pessoas comuns têm a coragem de recusar o inaceitável. Mudanças estruturais começam com decisões individuais. Deixar de consumir animais e produtos resultantes da sua exploração é, em si, um ato político e um passo necessário para a transformação profunda que queremos ver no mundo.
Da mesma forma que não é coerente lutar pelos direitos das mulheres sendo machista, ou pelos direitos raciais mantendo atitudes racistas, não é coerente falar em justiça para os animais enquanto somos especistas — o preconceito que coloca os interesses humanos acima dos interesses dos outros animais.
Reconhecer isso não é simples. Assim como o racismo e o sexismo, o especismo está profundamente enraizado na cultura. Desde pequenos, aprendemos a tratar alguns animais como companheiros e outros como “recursos”. Desfazer essa lógica é um processo de autocrítica e reconstrução, mas é justamente esse trabalho interno que alimenta as grandes transformações externas.
A história mostra que toda mudança na sociedade começa com pessoas que se recusam a aceitar o que todos chamavam de “normal”. Assim foi com o fim da escravidão, com o avanço dos direitos das mulheres, com a luta contra o apartheid. Agora, o desafio ético da nossa geração é ampliar o círculo de empatia e reconhecer que os animais também merecem viver livres da exploração humana.
E, porque a luta não termina na ação individual, todos nós que conhecemos a verdade sobre o sistema cruel e opressivo que impusemos aos animais temos o dever de agir, nos organizar e nos tornar militantes dessa causa.



Interessante…
Eu já acho que não